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AUTOCUIDADO - Sobre Amor, Cicatrizes e Baleias

Atualizado: 27 de dez. de 2020

No dia 11/12/20 fui submetida a uma cirurgia, um procedimento que era preciso fazer para seguir em frente e mesmo com a ameaça de pandemia, eu decidi encarar. O motivo, conto depois em outro post.


Hoje, como o título diz, quero falar sobre Amor, Cicatrizes e Baleias e o que tudo isso tem a ver com o momento atual que vivo e principalmente, como isso pode refletir em você. O motivo de escrevê-lo, não é somente para me ajudar (pois como gosto de dizer, escrever ajuda), mas também pensando na possibilidade de poder ajudar outras pessoas, que carregam suas cicatrizes.


Então chegamos ao ponto inicial, as CICATRIZES

A verdade é que, independente se foi um acidente, uma cirurgia ou qualquer outro motivo que tenha lhe causado uma cicatriz em seu corpo, nem todo mundo fica feliz em ver o resultado final. Além de trazer lembranças, não tão boas (as vezes), também deixa marcas físicas e muda o estado original do nosso corpo/pele.

Se for uma mulher, é preciso adicionar outra variável que pode fazer esse copo transbordar, somo mais vaidosas com a estética e o corpo e cicatrizes não são fáceis de lidar.


Eu carrego algumas em meu corpo, de brincadeiras/ travessuras e acidentes da infância, outras são de procedimentos que fiz ou tive que fazer, e tenho até uma no rosto, resultado de um baso-celular. Mas nenhuma me atingiu da forma como esta última atingiu.

E quando isso acontece, a gente desmorona.


Foi exatamente assim que eu me senti ao tomar meu primeiro banho depois de sair do hospital - um mix de espanto, tristeza e desconexão - "O que tinha acontecido com o meu corpo?", "O que tinham feito com o meu corpo?" e principalmente, de não reconhecimento, "Onde estava o meu corpinho lindo que eu vinha cuidando e zelando por 32 anos?", simplesmente não era este! Me preparei para a cirurgia, mas isto não estava nos planos... Fiquei consternada e triste com a imagem que refletia e via no espelho.


Minha barriga estava completamente inchada e dura dos gases injetados para a cirurgia de vídeo, que me resultou em 5 pequenos furos em locais diferentes no abdômen e ventre. Além disso, também recebi um corte de cerca de 10cm para a retirada de uma parte do meu intestino e apêndice e outros procedimentos feitos por ali, que o médico apelidou como uma espécie de cesárea. Em cima dos furos da vídeo e do corte da "cesárea", foram colocados pedaços pequenos de micropore, seguido por outros enormes, que ao removermos no banho, constatamos que me resultaram em enormes bolhas e queimaduras, de uma alergia nova, que nem sabia que tinha.

Me senti como uma grávida que tinha sofrido diversas intervenções, só que eu não carregava nenhuma criança.

As queimaduras no primeiro banho (à esquerda). Queimaduras no 16º dia de cirurgia (à direita).


Por alguns dias chorei e não tive coragem de me olhar muito no espelho. Meu rosto também estava amarelo. Pálido. Assim como meus pés e mãos. Provavelmente por conta das anestesias e da anemia que tive após a cirurgia. Pensei comigo - "Se pós parto for isso, já não sei se quero mais..."


Alguns dias depois, meu corpo começou a ser tomado por diversos hematomas nas mais variadas cores de preto, roxo, violeta e azul escuro, que pintaram meu quadril, abdômen, até uma parte das costas, coxas, virilha e assim vai. Era muita coisa para absorver em tão pouco tempo. Não estava sendo nada fácil e não tinha isso no meu script. E agora?


Escutei muita música e meditei durante estes dias, mas nada parecia fazer efeito. Comecei a escrever e também conversei com algumas amigas. Tentei manter a rotina para não ficar tão abalada. Mas sentia muitas dores e cansaço. Decidi ficar mais recolhida e me permiti a aparecer somente quando quisesse. Enquanto isso estava no meu mundinho, o mundinho da recuperação esperando que tudo se resolvesse.


Um belo dia a chave virou. Por conta da minha ambição e inocência, de não querer parar de trabalhar e de achar que eu daria conta, dias antes da cirurgia, imaginei que se a fizesse na sexta, na segunda já teria condições de trabalhar, então combinei com a minha designer Anna, de receber alguns arquivos para o Natal via WE Transfer, que só consegui ver cerca de 6 dias depois. Mas eles estavam lá me esperando e quando eu consegui fazê-lo, me deparei com a história das BALEIAS.


Michaela Skrovanova é uma fotógrafa Australiana que fez uma série de fotos em baixo d´água mostrando a relação das Baleias Jubarte e seus filhotes. O conjunto de fotos que ela nos revela desta relação foi nomeado como "Love Scars" ou "Cicatrizes de Amor".


Michaela descobriu através do seu trabalho de foto e observação feito por diversos dias que, quanto mais cicatrizes uma Baleia Jubarte filhote tem, mais significa que ela foi amada e cuidada por sua mãe. Também indicava que maior foi a proximidade entre os dois enquanto crescia, mais forte o laço e maior a amorosidade entre eles. A história depois de quando o filhote cresce, você já deve saber, mas ele segue seu caminho sozinho...


Voltando para as mamães e seus filhotes que são tão amados e cuidados em volta da mãe que têm a pele arranhada, me trouxe um novo olhar de inspiração para as minhas.

Assim como os filhotes de Jubarte, o que eu mais vinha recebendo nos últimos dias era amor e carinho das pessoas que estavam mais próximas de mim e que me cuidavam. Percebi o forte elo de amor e carinho que vinha recebendo durante este processo, de "crescimento".


Neste momento, decidi que aquelas seriam cicatrizes de AMOR. Amor também pelo que decidi passar para poder seguir em frente, para também poder dar e receber ainda mais amor.


Passei a cuidar delas e conversar com o meu corpo, olhando cada necessidade dele e encarando aquela nova imagem no espelho, que precisava ser olhada também com carinho, mesmo que fosse momentânea.


O primeiro passo foi tratar as queimaduras já aparentes causadas pelo micropore - apliquei óleo essencial de lavanda que é um poderoso cicatrizante e elas estão cada dia melhor. Também descobri o Transporte da 3M, que é uma espécie de micropore que não causa alergias na pele e que já carrego comigo na bolsa no caso de qualquer outro momento de intervenção.

Em seguida, removi os outros pequenos pedaços que estavam por baixo dos maiores e que protegiam os pontos. Consegui fazer essa remoção mais facilmente com uma técnica de esquentar o micropore com secador e depois umedecer muito a região com algodão e óleo Johnson, deixando agir por um tempo antes de remover.

A mesma técnica de óleo com algodão pode ser aplicada para remover a cola que fica no corpo.


Durante o banho, faço pequenos movimentos de drenagem para reduzir aos poucos o inchaço do corpo e já comecei uma drenagem com massagista.

Nos hematomas, estou aplicando Hirudoid e mesmo com certa dificuldade nos movimentos, tenho tentado sempre passar algum creme para deixar toda a pele cheirosa e hidratada.


Outra coisa que foi extremamente sensacional foi tomar um banho de manjericão, para purificar e energizar.

Para isso, você pode ferver uma panela de água e depois jogar uma rama de manjericão ali dentro e deixar até o momento de tomar banho.

Usamos uma canequinha para ir jogado a água no corpo (não esqueça de verificar a temperatura da água na panela antes de jogar no corpo). Mas eu recomendo para qualquer pessoa, foi extremamente revigorante!


No momento certo, também, vamos entrar com uma pomada na cicatriz maior, mas isso só vai acontecer de 20 a 30 dias após a cirurgia. Todas essas recomendações e orientações foram feitas por profissionais, não esqueça de perguntar se funcionam para você antes de agir.


Enquanto isso muito amor e paciência pois o tempo de recuperação não é o que a gente quer, mas sim o que o nosso corpo precisa.


Estas foram as lições de amor, autocuidado, aceitação e paciência que eu tirei desta experiência e que eu espero que, de alguma maneira, possam contribuir para você também.


Beijos e abraços carinhosos da Baby Jubarte,




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